quarta-feira, 4 de março de 2009

150 Anos Depois

Correio Fluminense 18/07/1968


Esteve em visita ao CF o Sr. Walter Wermelinger que desde o último dia 5 está no Brasil visitando alguns parentes aqui radicados.O Sr Wermelinger é fotógrafo profissional e responsável pelo setor de produção da Swissair, residindo em Lucerna na Suíça.De onde é natural.Membro de uma das mais antigas e distintas famílias de sua pátria, tornou-se o elo entre o ramo brasileiro e suíço da mesma, que há 150 anos estava parada.Durante sua visita ao CF foi colhido flagrante vendo-se o Sr Walter Wermelinger ( à esquerda), em compania do seu primo Walter Wermelinger da Costa. (foto a baixo)


Reencontro da Família Wermelinger





Vista da cidade de Duas Barras

Notícia Fluminense – 12/09/1967

Família das mais tradicionais, dedicada ao processo e desenvolvimento do parque agro-pastoril das regiões de Duas Barras, Cantagalo, Sumidouro e adjacências, o nome Wermelinger tornou-se conhecido e respeitado, com vários dos seus membros formados em engenharia, advocacia, economia e na carreira militar.

É originária da Suíça, dos distritos de Sursee, Willisau e Lucerna, sendo conhecida desde o século XV. Assim, temos Hans, que foi o primeiro magistrado em 1525. Hans também foi chefe de cantão em Ruswil, construindo, em 1575, a capela de Buholz. Gaspar foi canteiro de Ruswil, conquistando três brasões em 1956. Esses dados encontram-se no “Dictionnaire Historique et Biographique de la Suisse”.

O primeiro Wermelinger a chegar aqui foi Xavier Wermelinger, casado com Catharina Egglin, com mais cinco filhos, em 1819, sendo uma das famílias fundadoras de Nova Friburgo, antiga Morro Queimado, sendo destinado, por sorteio, a morar na quadra nº 61. Naquela época, diversas outras famílias também vieram, como Erthal — cujo primeiro membro casou-se com Catharina, filha de Xavier —, além de Monnerat, Lutterbach, Eggendorn, Stutz, etc.

Desde 1819, os Wermelinger não mantinham contato com os da Suíça. Entretanto, um membro da família, Walter Wermelinger da Costa, residente na Rua Dr. Celestino, 172, apto. 404 – Niterói, que é advogado, pesquisando na Embaixada da Suíça, conseguiu estabelecer o liame, mantendo desde 1962 correspondência com um Wermelinger residente em Lucerna.

Finalmente, a 31 de julho último, foi realizado o contato pessoal, uma vez que chegou ao Aeroporto do Galeão o Sr. Walter Wermelinger, residente em Lucerna, com atividades profissionais na cidade de Zurique, Suíça.

Comemorando o auspicioso acontecimento, após quase 150 anos de separação, os Wermelinger residentes em Duas Barras deram uma pequena festa em homenagem à data, que desde então ficou gravada em letras de forma no coração de toda a família.

Como intérprete da língua alemã, atuou o acadêmico de medicina Christian Gaudere, residente em Niterói.

terça-feira, 3 de março de 2009

Ao meu querido amigo Walter de Ultramar

Lucerna, antes do Natal, 18/12/1962 Meu profundo agradecimento pela sua carta datada de outubro passado. Alegrei-me muito em receber novas notícias suas. Na intenção de mandar-lhe uma lista completa sobre o índice de vida na Suíça, minha resposta atrasou-se. Soube agora que poderei conseguir uma na Câmara dos Deputados, em Berna, porém isto levará mais algum tempo. Apesar disso, escrevo para desejar-lhe um Feliz Natal e um Bom Ano Novo, a você e a todos os seus parentes. Acredito que uma viagem para tão longe seja quase impossível para as suas condições, principalmente com os nossos salários, se não possuir uma grande fortuna de algum primo rico. Também para a maioria dos trabalhadores suíços isto seria apenas um sonho, pois eles vivem como que trabalhando com a mão para sustentar a boca, e aqui se trabalha mais talvez do que em qualquer outro lugar do mundo. Realmente, com isso, o nosso nível de vida é bem elevado, poderia dizer-se mais elevado do que a maioria dos suíços pode sustentar. Há, naturalmente, aqueles que ganham imensas fortunas, porém nem sempre honestamente. Mas a maioria, como já disse, tem que se restringir bastante. Um operário comum ganha na cidade de 600 a 700 francos. Um especializado ganha de 800 a 900 francos. Se tiver sorte, de 1000 a 1500. Paga-se para alugar uma velha e desconfortável residência entre 120 a 180 francos. Uma moderna custa de 200 a 480 francos. 1 kg de carne custa de 16 a 20 francos. 1 litro de leite, 0,60 francos. 1 kg de batata, 0,40 francos. 1 kg de açúcar, 0,90 francos. Um automóvel médio custa de 6000 a 8000 francos. Um quarto de dormir, de 3000 a 6000 francos. Uma casa com 3 quartos, com mobília, roupa, tapete e cozinha, de 12.000 a 30.000 francos. Sobre a estrutura política escreverei em outra carta, porque meu tempo está muito apertado e eu quero que esta carta chegue ainda antes do Natal. Ainda mando-lhe um artigo retirado de um jornal suíço sobre o que se pensa e se conhece a respeito da nova capital do Brasil, Brasília. De maneira geral, é conhecido mundialmente que a imprensa suíça é uma das mais bem informadas do mundo. Toda a política da América do Sul está inspirando pouca confiança e nenhum sinal de melhoria. Aqui termino e já espero ansioso a sua próxima carta. Com lembranças para todos, inclusive para o tradutor, aqui fica: Otto, Maria Wermelinger e Walter Lucerne, avant Noël, le 18/12/1962 Mes sincères remerciements pour votre lettre datée d’octobre dernier. J’ai été très heureux de recevoir de vos nouvelles. Dans l’intention de vous envoyer une liste complète sur le coût de la vie en Suisse, ma réponse a été retardée. Je viens d’apprendre que je pourrai en obtenir une à la Chambre des Députés, à Berne, mais cela prendra encore un certain temps. Malgré cela, je vous écris pour vous souhaiter un Joyeux Noël et une Bonne Année, à vous et à tous vos proches. Je crois qu’un voyage aussi lointain est presque impossible dans vos conditions, surtout avec nos salaires, à moins de posséder une grande fortune d’un cousin riche. Même pour la majorité des travailleurs suisses, cela ne serait qu’un rêve, car ils vivent comme s’ils travaillaient uniquement pour nourrir leur bouche, et ici on travaille peut-être plus que partout ailleurs dans le monde. En réalité, de ce fait, notre niveau de vie est assez élevé, on pourrait même dire plus élevé que ce que la majorité des Suisses peut supporter. Il y a naturellement ceux qui gagnent d’immenses fortunes, mais pas toujours honnêtement. Mais la majorité, comme je l’ai déjà dit, doit se restreindre beaucoup. Un ouvrier ordinaire gagne en ville entre 600 et 700 francs. Un ouvrier spécialisé gagne de 800 à 900 francs. Avec de la chance, entre 1000 et 1500 francs. On paie pour louer une vieille habitation inconfortable entre 120 et 180 francs. Une habitation moderne coûte de 200 à 480 francs. 1 kg de viande coûte de 16 à 20 francs. 1 litre de lait, 0,60 franc. 1 kg de pommes de terre, 0,40 franc. 1 kg de sucre, 0,90 franc. Une voiture moyenne coûte entre 6000 et 8000 francs. Une chambre à coucher, entre 3000 et 6000 francs. Une maison de 3 pièces, avec meubles, linge, tapis et cuisine, entre 12.000 et 30.000 francs. Sur la structure politique, je vous écrirai dans une autre lettre, car mon temps est très limité et je veux que cette lettre vous parvienne avant Noël. Je vous envoie également un article extrait d’un journal suisse sur ce que l’on pense et connaît au sujet de la nouvelle capitale du Brésil, Brasília. De manière générale, il est mondialement reconnu que la presse suisse est l'une des mieux informées du monde. Toute la politique de l’Amérique du Sud inspire peu de confiance et ne montre aucun signe d’amélioration. Je termine ici et j’attends déjà avec impatience votre prochaine lettre. Avec des salutations à tous, y compris au traducteur, je vous adresse : Otto, Maria Wermelinger et Walter

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Lucerna, Julho de 1962

Lucerna, julho de 1962 Ao meu prezado amigo de além-mar, Sinceros agradecimentos pela sua prezada carta, vinda de tão longe. Fiquei agradavelmente surpreendido ao receber novas notícias. Infelizmente, só agora pude responder, pois estive doente por muitas semanas e precisei ir a um balneário para uma cura de nervos. Também não é possível traduzir esta carta para o português, já que não se fala essa língua na Suíça, apesar de ser um Estado europeu. Mais facilmente se encontraria um tradutor para o espanhol. Mas traduções são também muito caras. Hoje, quando em seu país a indústria se encontra em franca prosperidade, importamos muitos trabalhadores espanhóis, que aqui ganham muito bem. Porém, ocupamos muito mais italianos, já que provêm de um país vizinho. Contam-se hoje na Suíça mais de meio milhão de trabalhadores vindos de outros países, que aqui ganham o seu pão e enviam não pouco dinheiro para casa. Um tão grande emprego de trabalhadores jamais aconteceu nos quase 700 anos de existência da Suíça, e existem poucos indícios de uma redução. Há, naturalmente, também o reverso da medalha: o aumento de preços. Digo isso apenas de passagem, o que, naturalmente, muito interessa. Constrói-se muito, o que oferece muitas oportunidades de trabalho. A indústria de máquinas e também a relojoaria podem exportar os seus produtos de qualidade para o mundo. E, então, o turismo: a Suíça é o país de férias do mundo inteiro. Em face dessas realidades, eu me pergunto se o senhor não cogita em voltar à pátria ancestral. Existe trabalho suficiente, tanto na indústria como na agricultura. Mas a permissão de entrada no país, para quem vem de além-mar, demora muito, e a mudança custa muito dinheiro. A isso se junta que as mulheres brasileiras não gostam de emigrar. Também seria preciso aprender outra língua. Aqui na Suíça, especialmente, alemão e francês, e, em parte, também italiano. No ramo hoteleiro, o inglês é indispensável. Não consegui adiantar a crônica da família. Quase não posso compreender como o senhor ignora de qual lugar procede o seu antepassado que emigrou primeiro. Isto seria a base para as pesquisas seguintes. Sem isso, todo o esforço será inútil. Comprei-lhe especialmente um livro caro, onde estão fotografias de lugares de onde procedem os Wermelingers ou onde ainda residem alguns. Infelizmente falta uma aldeia: Hergiswil, uma aldeia de lavradores atrás de Willisau, esta fotografada diversas vezes no livro. Apostaria muito que o seu antepassado procede da região de Willisau ou Hergiswil, pois aí se encontrou, ou se encontra, o maior número de Wermelingers. Naturalmente, conta Lucerna como a maioria, pois todos emigraram do interior para esta cidade, em busca de melhores condições de trabalho. Ademais, remeto-lhe fotos da Suíça, admitindo que encontrarão grande interesse e alegria no círculo dos seus Wermelingers e amigos. Também quero enviar-lhe fotos de nossa família, pois os seus retratos também muito nos alegraram, a mim e à minha família. Quando o senhor receber esta carta, meu filho Walter estará na escola dos recrutas de Beijern, nas imediações de Freiburg, de onde o senhor já citou alguma descendência. Quanto aos outros nomes de família citados pelo senhor, nada mais sei quanto à sua descendência, pois não pôde ser mais examinado. Porém, acredito que suas pesquisas e suposições sejam quase certas, e o senhor poderá ler o texto no livro de Lucerna; o senhor descobrirá muitas indicações interessantes. Achei muito interessante a sua referência sobre as condições geográficas e cosmopolitas no Brasil, tão grande e tão pobre em população. Nos jornais, lê-se muito sobre agitações nos arredores do Rio. Espero que, em suas montanhas, conheçam apenas sossego e paz. Já que este volume é pesado, não pude remetê-lo pelo correio aéreo. Assim, demorará mais algumas semanas, mas nos interessaria saber se receberam tudo bem. Eu e minha família receberemos novas notícias com muito prazer. Agora finalizo minhas explanações, esperando que minhas linhas os encontrem com saúde. Minha família e eu os saudamos de todo o coração, desejando-lhes todo o bem. Otto Wermelinger St. Karlistrasse, 68 Lucerna — Schweiz — Europa (Fonte: Walter Wermelinger) Lucerne, juillet 1962 À mon cher ami d'outre-mer, Je vous adresse mes sincères remerciements pour votre précieuse lettre venue de si loin. J'ai été agréablement surpris de recevoir de vos nouvelles. Malheureusement, je n’ai pu répondre que maintenant, car j’ai été malade pendant plusieurs semaines et j’ai dû aller dans une station thermale pour une cure de repos. Il n'est pas possible non plus de faire traduire cette lettre en portugais, car cette langue n’est pas parlée en Suisse, bien qu’elle soit un État européen. Il serait plus facile de trouver un traducteur pour l’espagnol. Mais les traductions sont aussi très coûteuses. Aujourd'hui, alors que l'industrie de votre pays est en pleine prospérité, nous importons de nombreux travailleurs espagnols, qui gagnent très bien ici. Cependant, nous employons bien plus d’Italiens, puisqu’ils viennent d’un pays voisin. Aujourd’hui, on compte en Suisse plus d’un demi-million de travailleurs étrangers, qui gagnent leur pain ici et envoient une part importante de leur revenu dans leur pays d’origine. Un tel afflux de travailleurs n’a jamais eu lieu en près de 700 ans d’existence de la Suisse, et il y a peu d’indications d’une réduction prochaine. Il y a naturellement aussi un revers de la médaille : l’augmentation des prix. Je dis cela en passant, ce qui est, bien sûr, d'un grand intérêt. Il y a beaucoup de construction, ce qui offre de nombreuses opportunités d’emploi. L'industrie des machines et aussi l’horlogerie peuvent exporter leurs produits de qualité dans le monde entier. Et puis, le tourisme : la Suisse est le pays de vacances du monde entier. Face à ces réalités, je me demande si vous ne songez pas à revenir à la patrie ancestrale. Il y a suffisamment de travail, tant dans l'industrie que dans l'agriculture. Mais l'autorisation d'entrée dans le pays, pour ceux qui viennent d’outre-mer, prend beaucoup de temps, et le déménagement coûte cher. De plus, les femmes brésiliennes n'aiment pas émigrer. Il faudrait aussi apprendre une autre langue. Ici en Suisse, notamment l'allemand et le français, et en partie aussi l’italien. Dans l’hôtellerie, l’anglais est indispensable. Je n'ai pas pu faire avancer la chronique de la famille. Je ne peux presque pas comprendre comment vous ignorez de quel endroit provient votre ancêtre qui a émigré le premier. Ce serait la base des recherches suivantes. Sans cela, tous les efforts seront inutiles. Je vous ai spécialement acheté un livre coûteux, dans lequel se trouvent des photographies des endroits d’où viennent les Wermelingers ou où certains résident encore. Malheureusement, il manque un village : Hergiswil, un village d’agriculteurs situé derrière Willisau, qui est photographié plusieurs fois dans le livre. Je parierais beaucoup que votre ancêtre vient de la région de Willisau ou Hergiswil, car c’est là que l’on trouvait, ou trouve encore, le plus grand nombre de Wermelingers. Naturellement, Lucerne compte la majorité, car tous ont émigré de l’intérieur vers cette ville à la recherche de meilleures conditions de travail. De plus, je vous envoie des photos de la Suisse, en espérant qu'elles susciteront grand intérêt et joie dans le cercle de vos Wermelingers et amis. Je souhaite également vous envoyer des photos de notre famille, car vos portraits nous ont également beaucoup réjouis, moi et ma famille. Lorsque vous recevrez cette lettre, mon fils Walter sera à l’école des recrues de Beijern, dans les environs de Fribourg, d’où vous avez déjà mentionné une descendance. Quant aux autres noms de famille que vous avez cités, je n’en sais pas plus sur leur descendance, car cela n’a pas pu être examiné davantage. Toutefois, je crois que vos recherches et suppositions sont presque certaines, et vous pourrez lire le texte dans le livre de Lucerne ; vous y découvrirez de nombreuses indications intéressantes. J'ai trouvé très intéressante votre référence aux conditions géographiques et cosmopolites au Brésil, si vaste et si peu peuplé. On lit beaucoup dans les journaux au sujet d’agitations autour de Rio. J'espère que, dans vos montagnes, vous ne connaissez que tranquillité et paix. Comme ce volume est lourd, je n’ai pas pu l’envoyer par la poste aérienne. Il mettra donc quelques semaines de plus à arriver, mais cela nous intéresserait de savoir si vous avez tout bien reçu. Ma famille et moi recevrons de vos nouvelles avec grand plaisir. Je termine maintenant mes explications, en espérant que mes lignes vous trouvent en bonne santé. Ma famille et moi vous saluons de tout cœur en vous souhaitant tout le bien. Otto Wermelinger St. Karlistrasse, 68 Lucerne — Suisse — Europe (Source : Walter Wermelinger) Lucerne, juillet 1962 À mon cher ami d'outre-mer, Je vous adresse mes sincères remerciements pour votre précieuse lettre venue de si loin. J'ai été agréablement surpris de recevoir de vos nouvelles. Malheureusement, je n’ai pu répondre que maintenant, car j’ai été malade pendant plusieurs semaines et j’ai dû aller dans une station thermale pour une cure de repos. Il n'est pas possible non plus de faire traduire cette lettre en portugais, car cette langue n’est pas parlée en Suisse, bien qu’elle soit un État européen. Il serait plus facile de trouver un traducteur pour l’espagnol. Mais les traductions sont aussi très coûteuses. Aujourd'hui, alors que l'industrie de votre pays est en pleine prospérité, nous importons de nombreux travailleurs espagnols, qui gagnent très bien ici. Cependant, nous employons bien plus d’Italiens, puisqu’ils viennent d’un pays voisin. Aujourd’hui, on compte en Suisse plus d’un demi-million de travailleurs étrangers, qui gagnent leur pain ici et envoient une part importante de leur revenu dans leur pays d’origine. Un tel afflux de travailleurs n’a jamais eu lieu en près de 700 ans d’existence de la Suisse, et il y a peu d’indications d’une réduction prochaine. Il y a naturellement aussi un revers de la médaille : l’augmentation des prix. Je dis cela en passant, ce qui est, bien sûr, d'un grand intérêt. Il y a beaucoup de construction, ce qui offre de nombreuses opportunités d’emploi. L'industrie des machines et aussi l’horlogerie peuvent exporter leurs produits de qualité dans le monde entier. Et puis, le tourisme : la Suisse est le pays de vacances du monde entier. Face à ces réalités, je me demande si vous ne songez pas à revenir à la patrie ancestrale. Il y a suffisamment de travail, tant dans l'industrie que dans l'agriculture. Mais l'autorisation d'entrée dans le pays, pour ceux qui viennent d’outre-mer, prend beaucoup de temps, et le déménagement coûte cher. De plus, les femmes brésiliennes n'aiment pas émigrer. Il faudrait aussi apprendre une autre langue. Ici en Suisse, notamment l'allemand et le français, et en partie aussi l’italien. Dans l’hôtellerie, l’anglais est indispensable. Je n'ai pas pu faire avancer la chronique de la famille. Je ne peux presque pas comprendre comment vous ignorez de quel endroit provient votre ancêtre qui a émigré le premier. Ce serait la base des recherches suivantes. Sans cela, tous les efforts seront inutiles. Je vous ai spécialement acheté un livre coûteux, dans lequel se trouvent des photographies des endroits d’où viennent les Wermelingers ou où certains résident encore. Malheureusement, il manque un village : Hergiswil, un village d’agriculteurs situé derrière Willisau, qui est photographié plusieurs fois dans le livre. Je parierais beaucoup que votre ancêtre vient de la région de Willisau ou Hergiswil, car c’est là que l’on trouvait, ou trouve encore, le plus grand nombre de Wermelingers. Naturellement, Lucerne compte la majorité, car tous ont émigré de l’intérieur vers cette ville à la recherche de meilleures conditions de travail. De plus, je vous envoie des photos de la Suisse, en espérant qu'elles susciteront grand intérêt et joie dans le cercle de vos Wermelingers et amis. Je souhaite également vous envoyer des photos de notre famille, car vos portraits nous ont également beaucoup réjouis, moi et ma famille. Lorsque vous recevrez cette lettre, mon fils Walter sera à l’école des recrues de Beijern, dans les environs de Fribourg, d’où vous avez déjà mentionné une descendance. Quant aux autres noms de famille que vous avez cités, je n’en sais pas plus sur leur descendance, car cela n’a pas pu être examiné davantage. Toutefois, je crois que vos recherches et suppositions sont presque certaines, et vous pourrez lire le texte dans le livre de Lucerne ; vous y découvrirez de nombreuses indications intéressantes. J'ai trouvé très intéressante votre référence aux conditions géographiques et cosmopolites au Brésil, si vaste et si peu peuplé. On lit beaucoup dans les journaux au sujet d’agitations autour de Rio. J'espère que, dans vos montagnes, vous ne connaissez que tranquillité et paix. Comme ce volume est lourd, je n’ai pas pu l’envoyer par la poste aérienne. Il mettra donc quelques semaines de plus à arriver, mais cela nous intéresserait de savoir si vous avez tout bien reçu. Ma famille et moi recevrons de vos nouvelles avec grand plaisir. Je termine maintenant mes explications, en espérant que mes lignes vous trouvent en bonne santé. Ma famille et moi vous saluons de tout cœur en vous souhaitant tout le bien. Otto Wermelinger St. Karlistrasse, 68 Lucerne — Suisse — Europe (Source : Walter Wermelinger