Quando residi em Duas Barras, até os oito anos de idade, não tinha a mínima noção do que era a Suíça e, só quando fui para Nova Friburgo, é que comecei a entender, principalmente pelo hino da cidade que cantávamos na escola, que dizia: “salve brenhas do Morro Queimado que os suíços ousaram varar...”
Comecei a assistir a filmes, conhecendo mais ainda a Suíça, pois, de vez em quando, havia referências ao canivete suíço, como no filme Red River (Rio Vermelho), ou ao queijo suíço, com o Gordo e o Magro, mas sempre num sentido de respeito. Posteriormente, soube que os suíços, em virtude de não haver trabalho para todos, empregavam-se como soldados contratados por outras sociedades (mercenários), com isso adquirindo fama de lealdade, pois, ao contrário de outros mercenários, eram fiéis àqueles que os haviam contratado, não se vendendo contra os quais lutavam, mesmo que até fossem defensores de princípios democráticos (pois a Suíça era o único país do mundo que tinha uma democracia direta).
Exemplo: na queda da Bastilha, na Revolução Francesa, os mercenários suíços permaneceram fiéis à monarquia, morrendo todos em luta contra os revolucionários, sendo, por isso, homenageados em monumento na Suíça. Um fato que comprova isto é que a guarda do Vaticano, até hoje, é composta por suíços, mesmo sendo a Suíça uma sociedade cuja metade dos habitantes é protestante.
Meu avô Norberto contou, certa ocasião, que um determinado brasileiro, acostumado com a deficiência dos nossos Correios, foi convidado para uma festa e, como resolveu não comparecer, informou que havia enviado um telegrama. Entretanto, o anfitrião suíço pesquisou nos Correios de lá e verificou que o brasileiro mentira.
Em Niterói, conheci famílias membros da colônia alemã, tais como: Gauderer, Wendelin, Berk, Gubitz, sendo que dois irmãos desta família, Bernhard e Harald, animaram-me a ir pesquisar na Embaixada Suíça, na Glória, no Rio. E, indo lá com Harald, encontramos alguns nomes com as respectivas profissões. Assim, escolhemos Otto Wermelinger, de Lucerna, o qual era encadernador de livros, com quem mantive troca de cartas por alguns anos e, em 1967, o seu filho, Walter Wermelinger, veio visitar o Brasil, filmando em diversos lugares como Rio, Niterói, Duas Barras, Sumidouro (casamento de Ana Maria, filha de Antonio Wermelinger), Itaocara (produção de cachaça dos filhos de Maria E. Wermelinger). Estes filmes fizeram muito sucesso na Suíça, pois era uma sociedade completamente diferente, sendo assistidos por mais de 300 pessoas.
Evidentemente, a emoção de Walter Wermelinger da Costa só é compreendida por aqueles que saíram das tribos dos seus ancestrais e foram viver em outra sociedade, de valores completamente diferentes, podendo dizer, quase opostos.
Dr. Walter Wermelinger
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